Josefa Alves dos Reis, nascida em 7 de agosto de 1925, mais conhecida como Dona Zefa, rezadeira, contadora de histórias e escultora aposentada, é uma das figuras mais amáveis e interessantes de Araçuaí. Há muito alguém não me cativava tanto quanto esta senhora com mente fértil. Nasceu Sergipana do polígono das secas e foi para Serra dos Aimorés com toda sua família. Contou que seus avós eram fazendeiros ricos e que seu pai teve que vender as terras da família por causa de uma seca prolongada por mais de três anos. Nascida em uma família grande: eram oito moças (incluindo ela), dois rapazes, o pai e a mãe. A família também viveu nas localidades de Lençóis e Bananeira. Entretanto, ela, depois de muitos anos por esse Brasil afora, resolveu instalar-se em Araçuaí.
Contou-me que havia visto gente do bando de Lampião, como Azulão, Zé Baiano e Zé Sereno, entre outros. Diz ser uma “contadora de histórias” antes de ser artista, e que aprendeu o ofício de rezadeira aos dez anos de idade. Falou que Dom Serafim (Serafim Fernandes de Araújo), cardeal de Belo Horizonte, foi quem ajudou as feiras de artesanato a progredirem; que viu o Zepelim aos doze anos de idade e que o povo se apavorou com o objeto voador. Também mencionou a importância do Projeto Rondon (1967-1989) para a valorização do artesanato e dos artesãos do vale. Porém, pelo grande número de jovens escultores populares de madeira em Araçuaí, pode-se notar que Dona Zefa teve influência importante no oficio de difundir esta forma de arte neste município.
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Vivenciado e escrito por Walace Rodrigues, Mphil em Estudos Latino-Americanos e Ameríndios e MA em História da Arte Moderna e Contemporânea, ambos mestrados da Leiden University (Holanda), e Licenciado Pleno em Educação Artística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
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