Saturday, 26 February 2011

A crise europeia é mais que financeira!

Depois de morar na Europa (Holanda, Inglaterra, Escócia e Irlanda) por mais de 11 anos, decidi retornar ao Brasil no final de 2010. Não posso dizer que perdi meu tempo por lá, afinal fiz dois mestrados, viajei muito pelo mundo e conheci culturas muito diferentes da minha. Porém retorno, e por que?


A resposta é simples: a crise europeia é mais que financeira, ela afetou a auto-estima dos seus habitantes e se reflete nos seus valores. Os europeus começam a ver que que seu contato tão cercano com os EUA não lhes rendeu os dividendos econômicos desejados, pois novas potências mundiais (os BRICs, por exemplo) surgem e os europeus não conseguem se adaptar a esta nova ordem mundial, que faz com que haja uma mudança de mentalidade sobre quem é quem no mundo capitalista de hoje.


Afinal, a Europa nunca estive perto destes países, pelo contrário, sempre tentou se afastar da comunista China, da radical Rússia, da miserável Índia e do subdesenvolvido Brasil. Porém, hoje em dia, as empresas europeias abaixam os salários dos empregados para continuarem a existir e relocam serviços para Índia e suas fábricas para a China, por exemplo. Os vários subsídios começaram a escassear, afinal, de onde vem o dinheiro para pagar esta conta?


Vou dar um exemplo concreto e que conheço bem: a Holanda. Um país que se orgulhava de ser conhecido por sua “tolerância” teve o partido racista (o PVV, que ironicamente se chama “Partido da Liberdade”!) como o segundo mais votado nas eleições de 2010 e seu líder (Geert Wilders) não teve sua entrada aceita no Reino Unido por ser considerado extremista; as prostitutas do red light district de Amsterdam começam a ter suas cabines transformadas em pequenas butiques para que desapareçam despercebidamente; o baseado que se podia fumar em todo lado agora somente pode ser fumado em casa, já não mais dentro dos coffee shops; o número de casos de violência contra homossexuais tem aumentado muito em Amsterdam, entre outros vários exemplos que poderia dar aqui.


Sim, por mais estranho que pareça a um brasileiro que crê que a Holanda poderia se comparar ao paraíso na terra, tudo isto que estou dizendo é verdade. Verdade que alguns holandeses se envergonham de mostrar, porém é a verdade e deixa clara a inversão drástica de valores pela qual passa a Europa.


Os Europeus demoram muito a se adaptaram à novas situações. Eles não acreditam que o subsídio dado pelo governo francês para que o um fazendeiro tenha uma vaca pode ser cortado (apesar de que com o valor deste subsídio pode-se alimentar bem uma criança na Africa). O mundo mudou e os mecanismos econômicos mundiais estão mudando também. Se há uma coisa que os países em desenvolvimento podem fazer bem é adaptar-se, e no mundo globalizado quem não se adapta se trumbica!


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26 de Fevereiro de 2011.

Friday, 11 February 2011

BOICOTE ÀS EMPRESAS, PRODUTOS E SERVIÇOS HOLANDESES!

Enviaram-me um artigo sobre homossexualidade no Brasil escrito por Philip de Wit, um correspondente do jornal holandês NRC, e publicado no dia 9 de fevereiro do 2011. Claro, como um “bom” artigo holandês falando sobre o Brasil, o correspondente somente falou mal do Brasil, disse que nós somos homofóbicos, que somos violentos contra gays, etc! Não discordo dos números apresentados sobre a violência contra os gays no Brasil, porém, minha indignação sobre o artigo recai no fato de SEMPRE, e digo SEMPRE, os jornais holandeses somente publicarem artigos e notícias sobre as coisas negativas do Brasil! A imprensa holandesas é uma das mais manipuladoras do mundo! E isso falo com todo conhecimento de causa! Ela se assemelha à imprensa dos países latino-americanos em plena ditadura militar: suavisam as notícias ruins sobre o próprio país e falam mal dos outros paises! Exaltam fatos nacionais corriqueiros e desprezam os grandes feitos dos outros países!


Depois de mais de 10 anos morando na Holanda, creio que sou bastante habilitado para falar sobre este país das terras baixas: um país extremamente protestante onde os imigrantes são forçados a se adaptarem ao jeito holandês de viver, mas são mal vistos e não são respeitados se praticam os atos de suas culturas de origem; um país tão protestante que quase nenhum jornal circula aos domingos, pois os protestantes não trabalham nesse dia da semana; um país onde o partido xenófobo (PVV) foi o segundo mais votado nas eleições para deputados, mas não se considera racista; um país mais conhecido por suas drogas, prostituição e avareza que por sua arte e cultura; afinal, como bons protestantes, os holandeses somente apontam os erros dos outros e esquecem dos seus próprios!


A grande maioria das notícias que li sobre o Brasil na Holanda eram negativas! Eles ADORAM falar mal de nós! Por que será? INVEJA por sermos um país tão grande e tão rico? DESDEM por serem eles tão pequeninos e insignificantes no cenário mundial? POR QUE SERÁ, ENTÃO, QUE TODA GRANDE EMPRESA HOLANDESA INVESTE NO BRASIL? Isso eu não saberia dizer, porém noto que eles começam a ficar muito “receosos” com países como Brasil, China, Índia, Turquia e Rússia, por exemplo. Eles não compreendem como nós, POBRES, IGNORANTES E MISERÁVEIS (desta maneira eles nos retratam em suas mídias) podemos estar nos saindo tão bem economicamente! A resposta é fácil: SOMOS GRANDES! TAMANHO É DOCUMENTO SIM! E com ele vem a riqueza!


Como podem escrever um artigo tão negativo sobre a homossexualidade do país que tem a MAIOR PARADA GAY DO MUNDO? Quando, em 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida, pelo site TripOutTravel e pelo canal americano Logo da MTV, como O MELHOR DESTINO GAY DO MUNDO! Pois este é o problema: A MAIOR, O MELHOR! Os holandeses têm um complexo de inferioridade que os fazem falar mal dos outros, apoiados em um protestantismo extremamente conservador. Não pensem que se pode fumar baseado em qualquer lugar, ou que as prostitutas podem trabalhar fora de suas zonas...tudo é controlado para que dê dinheiro, mas não saia do controle. Os holandeses ADORAM DINHEIRO! Eles fariam qualquer coisas para ter dinheiro e guardá-lo como objeto de desejo! Portanto, a melhor maneira de pararem de falar mal de nós é BOICOTARMOS AS EMPRESAS E OS PRODUTOS HOLANDESES no Brasil! Já que eles somente entendem algo quando lhes afeta no bolso!

Eu não entendo como um correspondente destes pode escrever sobre homossexualidade no Brasil quando o número de casos de violência contra gays em Amsterdam (que eles acham que é uma cidade super gay-friendly) vem aumentando a cada dia!!! Onde há uma canal parade somente para que as pessoas vejam os gays, como animais no zoológico! Ah, temos que lembrar que o Big Brother foi inventado na Holanda, ou seja, adoram espiar e depois falar mal! Mesmo os casos de turistas gays norte-americanos agredidos em Amsterdam (foto) não fazem com que os holandeses pensem nisso??? Macaco não olha para o próprio rabo, não é senhor de Wit?


Enfim, o que se pode fazer a um país tão ínfimo, mas que se acha grande coisa? Boicotá-lo! BOICOTEMOS A ARROGÂNCIA HOLANDESA, SEUS PRODUTOS E SERVIÇOS!!! Em épocas de crise vamos ver como eles se viram!!!

Tuesday, 8 February 2011

O Brasil tem a alma Barroca!


Visitando a exposição Bem do Brasil, no Paço Imperial no Rio de Janeiro, me impressionei com o número de peças barrocas. Tal exposição pretendia mostrar “as múltiplas expressões materiais e simbólicas” de nosso país, como dizia o folheto. Havia peças de cultura popular, arte indígena, arquitetura moderna, enfim, uma vasta gama de objetos e imagens que nos definem como tendo uma Cultura Nacional própria. No entanto, o número de objetos barrocos, principalmente imagens de santos e santas, me deixou boquiaberto.

Eu sempre pensei (e esta exposição botou mais lenha na fogueira do meu pensamento) que o Barroco seria a forma mais forte de modelo artístico para definir a cultura brasileira (porém, não a única forma, claro!). Essa estilo de fazer arte, nascido na Itália depois do Renascimento e do período da Contra-Reforma, se espalhou pelo mundo latino com uma vitalidade gigantesca. Além disso, no caso brasileiro, se mesclou às fortes raízes africanas e índias. O apelo barroco à

dramaticidade, vista nas imagens dos santos, tomou nossos corações. Mesmo quando o mundo já era Neoclássico, nós continuávamos Barrocos!


Tivemos nossa forma específica de Barroco, desenhada pelas mãos do artista português Francisco Xavier de Brito, de Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa), mestre Ataíde, entre outros, e recontextualizada pelas classes menos abastadas. Esse drama demonstrado pelo Barroco de então pode ser comparado aos dramas das telenovelas brasileiras. Nosso gosto pelos dramas, pelas tramas emocionais, pelas curvas (também as de Niemeyer), faz parte de nós, está em nós, fala alto às nossas almas. Nós, brasileiros, somos assim!


Lembro-me de ir morar em Curitiba em 1991 e achá-la a cidade mais chata em que já vivi. O planejado demais, o organizado demais, não nos condiz completamente! Ainda mais, acredito que uma das categorias mais marcantes e atraentes, hoje em dia, dos países em desenvolvimento é esta “desorganização organizada” que um europeu do norte da Europa não conseguiria entender, porém it suite us! Isto vi na China, na Turquia, no Marrocos, no México, entre outros, países que encantam e não são extremadamente organizados! Na desorganização há espaço para criar, pois exige de nós uma flexibilidade que a dureza da ordem não nos dá.


Enfim, para terminar, o Barroco sim, este estilo artístico e de sentir, que floresceu na Europa entre o fim do século XVI até o XVIII, e no Brasil entre o início do século XVIII até o fim do XIX, se adaptou muito bem ao nosso gosto pelas emoções fortes e pela religiosidade que abrangia todos os níveis da sociedade. Criamos nosso próprio Barroco, com nosso ouro e nossos diamantes, tardio sim, porém nosso, próprio, único, como o analisou Germain Bazin. Foi necessário um europeu, um historiador da arte e conservador francês, nos dizer o que sentíamos...


Fotos de Walace Rodrigues.

Foto 1- Teto do Mosteiro de São Bento, Olinda, PE.

Foto 2 - Altar do Convento do Carmo, Olinda, PE.



Thursday, 3 February 2011

Obras de Hélio Oiticica exibidas no Museum Boijmans Van Beuningen de Rotterdam.











Coloco aqui trabalhos de Hélio Oiticica (1937-1980) expostos no Museum Boijmans Van Beuningen de Rotterdam durante a exposição Brazil Contemporary. Oiticica foi um dos maiores artistas plásticos brasileiros, desenvolvendo trabalhos sobre cores, movimento, espaço, participação do público, entre outros aspectos estéticos, e influenciou gerações de artistas brasileiros e estrangeiros. Suas obras (bolides, metaesquemas, parangolés, penetráveis, tropicália, cosmococas, etc...) demonstram a força criadora deste grande artista e pensador da arte neoconcreta. Aqui deixo algumas fotos tiradas por mim na exibição em Rotterdam.

Aqui algumas fotos de bolides (trans-objetos) e da obra mergulho do corpo.





Fotos de Walace Rodrigues.