Sunday, 2 December 2012

O “ULYSSES” de José Rufino em exposição na Casa França-Brasil.


A obra intitulada “ULYSSES” do artista José Rufino e exibida na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro, é uma dessas poucas obras artísticas que não se pode definir nem somente como escultura ou como instalação, ela participa um pouco do land art e se espalha brilhantemente pelo imenso espaço central do prédio.

A obra é realmente de tirar o fôlego. Esse Ulysses deitado, gigantesco, de esqueletos de lembranças e materiais usados, amados, odiados, assimiladores, remetem a muitas relações não somente com outros objetos da história da arte, mas também da literatura, do ofício milenar da navegação (“navegar é preciso, viver não é preciso”), da construção de nossos abrigos interiores e exteriores, enfim, é uma destas obras tão instigantes que nos surpreendem. Hoje em dia, com tantos querendo ser artistas plásticos, poucos conseguem fazer um trabalho da magnitude filosófica, artística e monumental como o Ulysses de José Rufino.

Os famosos armários e escrivaninhas antigos, velhos conhecidos da obra de Rufino, não são esquecidos na cabeça e no peito. Pedras, cordas antigas, entre vários outros objetos, demonstram a dureza e a beleza de viver.

A quantidade de referências que o nome da obra nos traz é impressionante. Seja na literatura, na geografia, na música, etc., onde se olha se vêem Ulysses. O tamanho impressiona, assim como o material empregado, o esforço homérico para pensar e executar esta obra, o ardor joyciano de mostrar o dentro de nós...

A mim, me resta somente apreciar a obra, lembrar dela e parabenizar Rufino pelo novo fôlego na história da arte brasileira.

PS: A obra está em exposição de 24 de novembro de 2012 até 17 de fevereiro de 2013 na Casa França-Brasil.

Sobre o filme "La demora"

"La demora" - Carlos Vallarino como Augustín.


Assisti no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, em novembro de 2012, a exibição do filme "La demora", de Rodrigo Plá (um uruguaio naturalizado mexicano), e fiquei extremamente impressionado com a temática do filme que se relaciona às dificuldades de cuidar de nossos anciãos; com a fotografia escurecida do filme que dá um ar entristecido à trama; com a centralização das tomadas, o que coloca o espectador dentro do filme e de seus sentimentos, enfim, um filme para ser assistido, refletido, pensado e utilizado. 

Com uma trama simples, porém atualíssima, o curto filme de 84 minutos é inspirador. Em um ambiente lutador, trabalhador, batalhador, as dores e sofrimentos de todos os membros de uma família, onde a mãe é a cabeça e mantenedora da casa pobre, o idoso parece ser um "peso morto" e se esquece de tudo, porém, no decorrer do filme ele se mostra como peça fundamental desta família, peça que não pode ser deixada de lado, peça que dá "essencia" existencial e dramática a esta família.

O filme é de 2012 e participava do "Festival 4+1 de Cinema FundacióMapfre". Fiquei sabendo, hoje, que ganhou o prémio de público (o único prémio concedido neste festival!). Acredito que ainda possa ser visto no site www.4mas1online.com