A obra intitulada
“ULYSSES” do artista José Rufino e exibida na Casa
França-Brasil, no Rio de Janeiro, é uma dessas poucas obras
artísticas que não se pode definir nem somente como escultura ou
como instalação, ela participa um pouco do land art
e se espalha brilhantemente pelo imenso espaço central do prédio.
A
obra é realmente de tirar o fôlego. Esse Ulysses deitado,
gigantesco, de esqueletos de lembranças e materiais usados, amados,
odiados, assimiladores, remetem a muitas relações não somente com
outros objetos da história da arte, mas também da literatura, do
ofício milenar da navegação (“navegar é preciso, viver não é
preciso”), da construção de nossos abrigos interiores e
exteriores, enfim, é uma destas obras tão instigantes que nos
surpreendem. Hoje em dia, com tantos querendo ser artistas plásticos,
poucos conseguem fazer um trabalho da magnitude filosófica,
artística e monumental como o Ulysses de José Rufino.
Os
famosos armários e escrivaninhas antigos, velhos conhecidos da obra
de Rufino, não são esquecidos na cabeça e no peito. Pedras, cordas
antigas, entre vários outros objetos, demonstram a dureza e a beleza
de viver.
A
quantidade de referências que o nome da obra nos traz é
impressionante. Seja na literatura, na geografia, na música, etc.,
onde se olha se vêem Ulysses. O tamanho impressiona, assim como o
material empregado, o esforço homérico para pensar e executar esta
obra, o ardor joyciano de mostrar o dentro de nós...
A
mim, me resta somente apreciar a obra, lembrar dela e parabenizar
Rufino pelo novo fôlego na história da arte brasileira.
PS:
A obra está em exposição de 24 de novembro de 2012 até 17 de
fevereiro de 2013 na Casa França-Brasil.